
Título: O corpo dela e outras farras
Autora: Carmen Maria Machado
Editora: Planeta Minotauro
Páginas: 240p.
Ano: 2018 (1. ed 2017)
Formato da leitura: Livro físico
Sinopse: Uma esposa se recusa a remover a fita verde de seu pescoço mesmo após súplicas de seu marido. Uma mulher relata seus encontros sexuais lentamente, como uma praga que consome a humanidade. Uma vendedora descobre algo terrível dentro das costuras dos vestidos de festa de uma loja. Uma cirurgia de redução de peso resulta em um hospedeiro indesejado. Ao mesmo tempo antiquado e sexy, estranho e mordaz, cômico e extremamente sério, O corpo dela e outras farras alterna uma violência brutal e o sentimento mais rebuscado. Em sua originalidade explosiva, essas histórias extrapolam as possibilidades da ficção contemporânea. Carmen Maria Machado derruba as fronteiras arbitrárias entre realismo, ficção científica, comédia, horror, fantasia e fábula. Nesta coletânea de contos provocativa, considerada um Black Mirror feminista, gêneros literários são desafiados em narrativas que mapeiam a realidade das vidas das mulheres e a violência a que são submetidos seus corpos.
Opinião: Primeira observação: apesar do nome tão conhecido da gente aqui, a autora não é brasileira; é americana, filha de imigrantes cubanos. Segunda observação (importante para mim, que sou a louca da scifi/fantasy): a obra foi finalista do prêmio Nebula.
São oito contos, a leitura é rápida (li em um dia, não consegui largar). O fio condutor do livro são as situações envolvendo as liberdades – e falta delas – na vida das mulheres. Misoginia, objetificação, subjugação, o quanto nossos corpos não são considerados nossos, são como um espaço público de opiniões e desmandos. Me recordou bastante na escrita da Mariana Enríques, e seu maravilhoso (e impactante!) As coisas que perdemos no fogo.
A narrativa que mais me impactou foi o “Especialmente hediondas”, praticamente uma fanfic da série Law & Order SVU (que trata de crimes contra a mulher) – mas com uns toques sobrenaturais. É o conto mais longo, e eu só respirei quando cheguei à ultima página (e ainda assim, terminei “???”). O primeiro, “O ponto do marido”, foi o que achei mais óbvio, desde as primeiras linhas, e isso não fez dele pior; muitíssimo bem escrito, a história ainda ressoa em mim.
Fora que: o livro físico é LINDO. Capa dura, o corte da lombada é preto, e a página do sumário localiza cada uma das oito histórias numa parte do corpo feminino.

Se você está acostumado com leitura com viés feminista, ótimo, abra o livro e sinta-se em casa; se não está, mas curte realismo fantástico, também é um prato cheio.
Ps. eu ia entrar na análise sociológica do livro, e tals… mas tanta gente já fez isso, já dissecou conto por conto… quer saber? Só posso dizer: se puder, LEIA.