Título: Pequeno manual antirracista
Autora: Djamila Ribeiro
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 135 p.
Ano: 2019
Formato da leitura: Livro físico
Sinopse: Dez lições breves para entender as origens do racismo e como combatê-lo. Neste pequeno manual, a filósofa e ativista Djamila Ribeiro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Em dez capítulos curtos e contundentes, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas. Já há muitos anos se solidifica a percepção de que o racismo está arraigado em nossa sociedade, criando desigualdades e abismos sociais: trata-se de um sistema de opressão que nega direitos, e não um simples ato de vontade de um sujeito. Reconhecer as raízes e o impacto do racismo pode ser paralisante. Afinal, como enfrentar um monstro desse tamanho? Djamila Ribeiro argumenta que a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. E mais ainda: é uma luta de todas e todos.
Opinião: A sinopse já disse tudo, não?
Na nossa sociedade não estamos acostumados a assumir os preconceitos (“não existe racismo no Brasil”, disse a Barbie Operária). Normal ouvir “ah, mas eu tenho amigos pretos” ou “esse negócio de cota tirou minha vaga”. Porque? Porque é normal ouvirmos essa frase? Porque é normal nossos jornais trazerem “traficante” para jovens negros e pardos e “usuário”, “estudante que vendia drogas” ou outros atenuantes quando o jovem é branco?
Se você faz parte da pequena parcela populacional que já percebeu isso, parabéns. Mas só saber não é o suficiente (“Não basta não ser racista, precisamos ser antirracistas”, diz a maravilhosa Angela Davis). O que você está fazendo para mudar isso? Para melhorar a situação dos negros em nossa sociedade? E muitas vezes não estamos falando de se candidatar a um cargo político (mas pode, viu?), e sim de atitudes menores, de desconstrução e reconstrução do ideario social.
Mesmo que uma pessoa pudesse se afirmar como não racista (o que é difícil, ou mesmo impossível, já que se trata de uma estrutura social enraizada), isso não seria suficiente – a inação contribui para perpetuar a opressão. (p.14)
Para ajudar nessa dúvida, Djamila escreve um pequeno compêndio de atitudes que podem colaborar nessa prática. Essencialmente baseada em dois pontos – ao menos os que mais me saltaram aos olhos: a) a discriminação vem de um sistema social estrutural, e por isso muitas vezes se torna imperceptível e/ou naturalizado; e b) precisamos nos responsabilizar pessoalmente por identificar e dirimir o preconceito social do nosso dia a dia – e eles aparece em atos, pensamentos, impulsos, palavras.
Ela coloca dez pontos a serem observados para nos ajudar a enxergar nossos preconceitos, muitas vezes escondidos pela capa da “normalização” social. Aqui vou elencá-los – mas, por favor, leiam o texto se puderem, pois as explicações dela sobre cada ponto é excelente (simples, clara, com gatilhos para nos levar à ação)
Informe-se sobre o racismo; enxergue a negritude; reconheça os privilégios da branquitude; perceba o racismo internalizado em você; apoie políticas educacionais afirmativas; transforme seu ambiente de trabalho; leia autores negros; questione a cultura que você consome; conheça seus desejos e afetos; combata a violência racial
Cada capítulo traz esclarecimentos sobre os principais conceitos levantados, como agir sobre essas atitudes, o quão importantes elas são para nosso desenvolvimento como pessoas e sociedade.
Leiam de cabeça aberta. É realmente muito difícil assumir que as atitudes que tomamos ou as ideias que temos (e que são moldadas pela nossa cultura e formação social) são tão conspurcadas (êta, palavra que acho bonita, apesar do significado, rsrs), e necessitam de reparação quando, enfim, conseguimos nos livrar e pensar por nós mesmos. Mas vamos juntos, que só assim para construirmos uma comunidade inclusiva para todes.