Título: Você já é feminista
Autora: Várias – org. Nana Queiroz
Editora: Pólen
Páginas: 174 p.
Ano: 2016
Formato da leitura: Livro físico
Sinopse: O livro apresenta 23 textos de autoras como Djamila Ribeiro, Luísa Marilac, Lola Aronovich, Nana Queiroz, Amara Moira, Jaqueline de Jesus, Lívia Magalhães, Luciana Veloso, entre outras ativistas atuantes na Primavera das Mulheres – que colocou em evidência as novas faces do feminismo na era da Internet. Nos textos, temas como relações no ambiente de trabalho, divisão de tarefas domésticas, machismo, tabus sexuais, parto, legalização do aborto, maternidade e família são discutidos na forma de ensaios acessíveis e introdutórios, que juntos formam um panorama das novas vertentes da discussão sobre gênero atual e sobre os direitos da mulher. Com apresentação da filósofa Marcia Tiburi.
Opinião: Eu tenho algumas coceiras quando ouço mulheres que trabalham fora, têm carreira, escolheram ficar com os filhos ou escolheram fazer tudo-ao-mesmo-tempo, falando que “não são feministas”. Primeiro: se hoje você tem o direito de se expressar sobre qualquer coisa (inclusive sobre isso!) é porque você deve às mulheres que lutaram antes de você. Segundo: para mim, quem fala isso, não entendeu o que é feminismo.
Tem toda uma carga em cima dessa palavra. Feministas somos “mulheres que odeiam homens”. São “mulheres que não se depilam, que não se cuidam, que não são ‘femininas’, é tudo sapatão”. Ai gente, canso só de pensar.
Demorei para comprar e ler. Não porque não curto, mas porque tenho estado imersa em teoria feminista, e esse livro não é como outros mais pesados que costumo acompanhar – é quase um livro de divulgação científica, rs. A linguagem é super acessível, bem simples mesmo. Em alguns textos é como se a autora estivesse conversando diretamente com você, em linguagem coloquial.
Ele pega os principais conceitos e explica, de forma didática. As diferentes vertentes do feminismo – o que é feminismo radical? tem feminismo conservador? O que é patriarcado, essa coisa que a gente lê que “tem que morrer” mas nem sabe o que é (eu já ouvi “mas eu não quero que os pais morram!!”). By the way:
O patriarcado pode ser definido, grosso modo, como é organização social em que os homens heterossexuais tem mais poder que pessoas pertencentes a qualquer outro gênero” (p.23)
E sim, eu concordo que isso aí tem que acabar, ou “morrer”, como costumamos ouvir.
Ou então, mais um exemplo: Você já parou para pensar que gênero e orientação sexual são coisas diferentes e não-relacionadas? Que alguém pode ser mulher transexual (cujo sejo biológico no nascimento era masculino), e ela pode ser lésbica (gostar de mulher)? “Mas se é pra gostar de mulher, porque não continuou sendo homem?” – pq uma coisa NÃO TEM haver com a outra, sacou?
Se prepare para desconstruir um monte de conceitos. São diversos textos, curtos e de leitura rápida, mas com conceitos vários e muito conteúdo para pensar e debater (bom de ler com coleguinhas para ter com quem debater, viu?). Fala sobre religião, sororidade (amo essa palavra), divisão sexual do trabalho, cultura do estupro, violência doméstica, estereótipos…
Prato cheio. Livrão. Vale. Especialmente para quem ainda está entrando em contato com os conceitos, quem quer saber mais e cansou de catar na internet e o google despejar um monte de cocô junto com as coisas boas – e a gente nem saber por onde começar a separar o que vale e o que não. Se você já queria se aprofundar, elas dão várias referências para estudo e leitura.
Leiam. Presenteiem. Para as amigas que dizem que “não precisam do feminismo” (mas não sabem que, por Constituição, até pouco tempo, mulher era posse de pai, e depois de marido – sabia?). Para os amigos que falam merda, mas ainda tem bom coração. Vale.