Vamos tirar logo o elefante branco da mesa: não digo “Literatura negra”, não quando estamos falando de literatura geral. Literatura não tem cor, o autor é que tem (e pode ser branco, preto, amarelo, marrom, begezinho, rosa, vermelho…). Podemos falar de literatura africana, latina, ou de autores negros em locais teoricamente majoritariamente brancos, como certos lugares da Europa. Certo?
Hoje em dia (enfim, e graças por isso!) a literatura proveniente de autores negros está em alta. É só você ver que, na última FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty), 4 dos 5 autores mais vendidos são negros. Ok, a FLIP é totalmente fora da curva em termos de público (alternativos), e não estamos falando de uma Bienal do Livro gigante, mas, poxa, a FLIP é importante, né?
“Ah, mas autor é autor, não precisa separar desse jeito”. Precisa, sim senhores! Da mesma forma que a diferença de gênero (vejo post sobre isso logo ali na minha esquina? vejo!), isso tem haver com o lugar de fala, com o silenciamento sistemático de toda uma gama de pessoas, com o quanto a centralização eurocêntrica e valorização de certas culturas em detrimento de outras foi construída. Então sim, é importante.
Fui catar os autores negros da minha estante (sobre os livros que tenho em casa, tem um post aqui, ó), e achei esses daqui. Te dizer que não tenho mais por três motivos: um, que eu pego livros nas Bibliotecas, então não vou ter para tirar foto e incluir aqui (sobre a fetichização do livro, tem post também, ó!). Dois, porque muitos dos autores que quero ler estão chegando no Brasil agora, e eu não tenho dinheiro para comprar todo mundo (mas ahhhh, se queria!); e três, eu praticamente não guardo mais os livros que já li, então vários não estão mais aqui para sair no retratim.
(ps. sobre a relação dinheiro X livros, guardar livros já lidos e afins, já falei aqui, aqui, aqui, aqui .)
Eu não só quero ler autores negros, como quero lê-los dos locais mais variados possíveis. É interessantíssimo você ver a diferença de um país para o outro (vocês SABEM que a África, por exemplo, é um continente variado, não só um país gigantesco, né? pelamor, tem gente que parece que não faz ideia). Ler autores negros dos Estados Unidos, França, Brasil (claro), Congo, Nigéria, Moçambique, Haiti… a lista vai longe. Observar as diferenças de escritas, de descrições dos lugares, realidades, etc.
O que eu tenho em casa?
Só das feministas negras maravilhosas, tem Djamila Ribeiro, Joice Berth, Roxane Gay, bell hooks, Angela Davis.
A divíssima Octavia Butler, que demorou milênios para ser traduzida no país, musa e rainha da ficção científica. O Paul Beatty, que ganhou o Man Booker Prize. O Marlon James (também vencedor do Man Booker Prize! ó delícia, autores negros ganhando esses prêmios tudo aí!). Essa pilhinha modestinha aí é parte do meu planejamento de leitura do próximo ano ❤
O que eu quero ler que ainda não comprei, nem tenho e mal acho nas bibliotecas?
Grada Kilomba – Memórias da Plantação – episódios de racismo cotidiano (Portugal)
Ayobami Adebayo – Fique comigo (Nigéria)
Gaël Faye – Meu pequeno país (Borundi)
Carolina de Jesus – Quarto de despejo (Brasil – sim, não li ainda, e quero TANTO)
Maya Angelou – Eu sei que o pássaro canta na gaiola (EUA)
Nnedi Okorafor – Bruxa Akata (EUA, ascendência nigeriana)
Scholastique Mukasonga – Nossa Senhora do Nilo (Ruanda)
Yaa Gyasi – O caminho de casa (Gana)
Angie Thomas – O ódio que você semeia (EUA)
Chimamanda Ngozi Adichie – Hibisco roxo (Nigéria)
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Tem mais alguma indicação de coisa boa na literatura de autores negros? Deixa nos comentários, manda por e-mail, me marca, me avisa, que eu tô quereni!
Muquifo Literário 