Título: O dilema do porco-espinho: como encarar a solidão
Autor: Leandro Karnal
Editora: Planeta
Páginas: 192 p.
Ano: 2018
Formato da leitura: Livro digital
Sinopse: Em O dilema do porco-espinho, Karnal viaja pela modernidade líquida e analisa a solidão no mundo virtual e o isolamento. Discute dos amigos imaginários criados pelas crianças aos pensamentos de alguns filósofos, como Aristóteles, que dizia que a solidão criava deuses e bestas. Como a solidão é um tema que sempre o acompanhou e, segundo revela o próprio Karnal, tem crescido na maturidade, o autor escreve este livro como um ensaio pessoal. Ao dividir suas meditações, o autor convida o leitor, durante o ato da leitura, a deixar a solidão de lado e compartilhar seus pensamentos também..
Opinião: Acho que quem lê aqui já percebeu que eu gosto muito dos textos do Karnal (tem mais sobre ele aqui no blog, aqui e aqui). Entendo quem fala que “tá de saco cheio dele”, mas não concordo. Gosto como ele concatena as ideias, como junta referências e como se sai bem numa variedade de assuntos.
“Ah, mas ele é estrelinha”, já ouvi. E daí? Ele é bom no que faz e como fala, se tá aparecendo muito na mídia é que tá sendo muito procurado. Ninguém agrada a todos, vai?
O livro chegou a mim num momento crucial: tô morando sozinha, e às vezes é impossível transformar a solidão em solitude. Sério. Já conheço a diferença entre os conceitos há tempos, leio sobre isso inclusive quando estudo budismo, e sei que há um ABISMO. Resumidamente: solidão é quando você se sente mal por estar sozinho (mesmo que cercado de gente, você pode se sentir assim); solitude é quando você consegue se sentir pleno na sua própria companhia, aproveitando os momentos de quietude, sozinho.
Falando assim é tão bonito, né? Colocar em prática que é o diabo!
Karnal aborda esse tema de várias formas, cada capítulo é um pequeno ensaio: tem as causas religiosas da solidão, desde Adão (sem Eva) até o budismo; tem referências literárias; tem cinematográficas (ótimas referências, anotei várias!)… até de obras de arte, pinturas e pintores.
Como podemos nos sentir sós com tanta gente no mundo? Com a densidade populacional como está? Qual é a armadilha de termos todos os nossos “amigos” a um clique no celular (inclusive me lembra outro livro, que estou processando beeeem devagar: o 21 lições para o século XXI, do Yuval Harari – recomendo fortemente, mas ele vai mais fundo nas implicações sociológicas desse distanciamento / proximidade tecnológica)?
A vida é elaborada mais densamente pelo exercício da solidão ou só nos dedicamos a reflexão quando não dispomos de verdadeira e orgânica companhia? […] resumindo de forma ampla, com quem você está quando está sozinho?
Uma boa leitura para quem quer pensar um pouco mais sobre. Para mim, na luta em estabelecer um bom relacionamento comigo mesma, em abraçar meus momentos de solitude com amor e satisfação, veio a calhar.
Ah, quer saber um pouco mais sobre o conteúdo do livro? O próprio Karnal fala dele nesses links: aqui e aqui, ó!
Leitura rápida. Contemplativa. E solitária, como quase toda leitura 😉