Acabamos de cruzar a fronteira do segundo semestre. Não sei para vocês, mas para mim o ano está se movendo na velocidade da luz – ao contrário de 2016, que demorou 5 anos para acabar.
Revendo minhas listas de prioridade, objetivos, metas e coisas que quero levar à cabo ainda nesse período de calendário que chamamos 2017, parei na pior e mais temida das minhas listagens: a dos livros não-lidos. Tem trocentos, e é dificílimo enfileirar e escolher “esse primeiro, esse agora não”.
Variar o tipo de leituras alimenta o cérebro. Dá a ele o que processar, tira da zona de conforto, faz confrontar ideias pré-estabelecidas, brotar outras até então insuspeitas.
Elenco abaixo cinco categorias de livros que recebem pouca atenção, e que podem ser mais exploradas nesse próximo semestre:
1. Livros escritos por mulheres
Há tão poucas autoras que foram consideradas dignas de atenção, tão poucas autoras que foram “ouvidas”, digo, lidas. Você pode achar que não, pode nunca ter reparado, mas há muitos experimentos que mostram a enorme diferença de gênero na literatura. Vamos ler mais mulheres! Descobrir e apoiar autoras! Se você não sabe por onde começar, grupos de leitura como o Leia Mulheres podem te dar uma luz.
Esse ano já rolaram as lindas Ana Paula Maia, Nina Sankovitch e Daniela Arbex. Na minha lista de “próximos a ler” estão: uma entre as poucas [realmente] conhecidas da ficção científica, Ursula Le Guin; a musa feminista Chimamanda; a linda brasileira Lygia Fagundes Telles.
2. Ficção científica, que nunca é demais
Como dito por Bradbury no seu maravilhoso “Zen e a arte da escrita”, a scifi é necessária aos seres humanos, pois é sua imaginação projetada para consertar problemas que só poderão ser solucionados no futuro – ou vendo os problemas que estão sendo iniciados hoje, as consequências do que plantamos agora.
Sou suspeita para falar, acho que posso considerar esse o meu gênero de leitura favorito. Por vezes é difícil desembrenhar a categoria, que mistura ficção científica com fantasia, distopia com utopia, um novelo só! Mas essa é a graça, não? Para quê perder tempo definindo, se posso ganhar tempo lendo? 😀
Já tenho costume de me afundar no sofá com o ABCD da scifi (Asimov, Bradbury, Clarke e Dick), então decidi variar um pouquinho. Decidida a catar uns autores diferentes, esse ano já rolou o novo-e-bem-falado Blake Crouch e o antigo e pouco conhecido Philip Jose Farmer; para o segundo semestre temos o não menos (des)conhecido Walter M. Miller Jr.; terminar o Héctor Abad (que é distópico & latino, duas categorias que muito gosto!) e ler o ganhador do Prêmio Hugo Cixin Liu.
3. Dar uma de fofoqueira e saber sobre a vida dos outros: Biografias
A gente sempre aprende com a vida dos outros: por inspiração, pelo exemplo do que é certo, pela prevenção do que é errado. Ler biografias é ouvir o que o outro tem a dizer sobre a vida – coisa rara hoje, o exercício da escutatória. Estamos tão imersos nas redes sociais, mas não lendo o que o coleguinha fala, apenas compartilhando o que queremos que o mundo veja/saiba/ache sobre nós.
Que tal ler com atenção uma biografia? Escolha alguém que você considere um exemplo, como Mandela, Malcom X, Simone de Beauvoir. Ou algum famoso aleatório, porquê não? Rita Lee, Hebe Camargo. Na minha lista de “querências 2017”, a política Benazir Butho, o músico James Rhodes, e o brasileiro João Gordo.
4. Histórias desenhadas: Quadrinhos
Uma arte negligenciada. A complementação do texto com imagens significativas é divina. Pode confirmar uma frase, pode contradizê-la, pode dizer muito sem escrever nada. Dependendo do traço, pode chocar ou emocionar. E vai me dizer que você não lembra a diversão de ler um quadrinho da Turma da Mônica, um Almanaque Disney – ou mesmo um quadrinho do Recruta Zero, já denunciando a idade?
Meu 2017 começou bem com a Julie Maroh e seu lindíssimo Azul é a cor mais quente – que virou filme, mas eu ainda não vi; e com a divertidíssima Sarah Andersen e suas tirinhas incríveis do Ninguém vira adulto de verdade. Ah, e o maravilhoso Persépolis, da Marjane Satrapi! Só quadrinistas mulheres, que coisa, não? Para o segundo semestre, novidades bem faladas como o Desconstruindo Una e o Retalhos, e o Crumb Gênesis, que já está me esperando na estante 😀
5. Poesia, poesia, poesia
Nunca fui muito fã de poesia, na verdade. Não consigo me envolver, não me emociona como vejo que toca aos outros. Me sinto até meio boba lendo poemas. Um dos poucos que gostava de ler era o Manoel de Barros – mas não li muito, um livrinho acho, na época de escola.
Engraçado dizer que em 2016 eu mandei minha única poesia para um concurso nacional, e ela foi escolhida para compor o livro impresso que foi distribuído. Vai entender…
Não posso dizer que esse ano já teve algum livro todo do gênero, mas para o segundo semestre pretendo cair de cabeça na já-famosinha Rupi Kaur e talvez na Hilda Hilst – tentei ler um de crônicas dela, mas acabei largando; quem sabe na poesia a gente não se entende? E também paquero um Leminski – em Curitiba, aja como curitibana, não?
O importante é sair da zona de conforto, povo! Tente ler um gênero pouco explorado por você, abra a cabeça para novas fórmulas, novos tipos de escrita, de construção textual. Inclua um pouco de variedade, saia da sua rotina! Você pode (e possivelmente vai!) se surpreender. Na pior das hipóteses, se não gostar mesmo de algum estilo, você pode debatê-lo com classe e propriedade – e não como uma criança birrenta, que grita seu desgosto pelo brócolis sem nem ao menos ter provado 😉
Li tão pouco esse ano D:
E das categorias indicadas: li 2 mulheres (e sim! no geral se lê muito menos autorAs, infelizmente.), li 2 livros de ficção científica (um nacional e também se lê muito menos livros nacionais, infelizmente.), nunca li biografias mas já faz tempo que quero me aventurar no gênero (só tenho medo de escolher o livro errado), quadrinhos eu li muito na infância (hoje não me cativa), li 2 coletâneas de poesia e o gênero tem ocupado cada vez mais espaço nas minhas leituras, adoro a praticidade da poesia, em questão de minutos você lê um poema e pronto, e nessa vida urbana selvagem essa praticidade é mais que bem-vinda.
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Quero ler seu poema!!! Publica no muquifo! \0/
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E a vergonha? E a vergonha, minino? Mas vou pensar no caso com carinho, rsrsrs – na verdade, eu tenho uns livros desse prêmio sobrando, vc não quer que eu te mande um? 😀
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QUERO!!! \0/ Meu endereço é o mesmo, só mandar autografado! 😀
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Paulla,
Que bom que vc continua com o blog, adoro seus textos. Nem sempre comento, mas sempre que leio adoro! Eu sou bem mais enrolada para sentar e escrever….
A minha Meta de leitura anda cada vez mais abrangente, todo mês acabo descobrindo algo novo, recebendo uma indicação e tal… E adoro isso! Adoro como um livro puxa outro, e mais outro e vivemos numa lista sem fim….
Sigo firme com meu amor pelos clássicos ingleses, minha meta é dar mais atenção à leitura de mulheres, especialmente as brasileiras. E me arriscar com o Borges. Também amo biografias, estou lendo uma do Van Gogh.
Com certeza, até o fim do ano muita coisa ainda vai entrar na conta.
Bjs,
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Eu tenho tentado ler mais mulheres e mais produção nacional também, sabe? Sobre “até o final do ano”… rá! troca por “até o final do mês”, para mim, rsrs!
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