Título: A História continua (L’Histoire continue)
Autor: Georges Duby
Editora: Jorge Zahar
Páginas: 182 p.
Ano: 1993 (1.ed. 1991)
Formato da leitura: Livro em papel
Sinopse: Um dos maiores historiadores franceses escreve sua história, buscando fazer um balanço próprio, que é também o de toda uma geração de historiadores. Neste percurso intelectual, na verdade uma ‘ego-história’ de título alusivo, Georges Duby mostra o quanto seu ofício é atualmente o delicado casamento de uma obstinação monástica e de uma obstinada vontade de viver no presente. O itinerário de Duby ilustra maravilhosamente o da pesquisa histórica francesa, que passou, em algumas décadas, do estudo dos grandes acontecimentos àquele mais sofisticado da vida privada e das relações humanas.
Opinião: Cheguei nesse título muito sem querer; estava catando livros na seção de História Geral do Sebo Baratos da Ribeiro (cariocas, recomendo muito!) e dei de cara com ele, por um preço ridículo (algo como $8 dinheiros). Folheei, gostei, comprei. Quando em casa descobri que estava esgotado, e que na Estante Virtual está entre $30 e $100 – ou seja, me dei bem!
Duby é um historiador, filho da Escola dos Annales e já ali próximo à Nova História (correntes de estudo da História como disciplina, com conceitos e tratamentos distintos). O que ele descreve em seu curto livro é sua epopeia em tornar-se historiador-de-fato, e não apenas portar um título.
[Eu acabei de terminar um mestrado, que por motivos diversos (mudança de estado, de área, de objeto de estudo, entre eles), eu considero que fiz bem meia-boca. Vergonha do Duby “me ler” enquanto eu “o lia”!]
Duby descreve seu envolvimento com a pesquisa, suas vertentes, a pesquisa paralela, o desencavar de pré-requisitos e necessidades, somente descobertas após um tropeço.
Além disso, ele fala da paixão: de se apaixonar pelo tema escolhido. Da necessidade de aprofundamento, de saber sobre aquele tema de forma concreta e embasada – e para isso, não há como manter 50 áreas de interesse simultâneas. Na pesquisa acadêmica você tem que ser especialista, não generalista – quem sabe um pouco de tudo não sabe muito de nada (sua especialidade: Idade Média, com enfoque para as relações interumanas – em detrimento das organizacionais).
É muito interessante acompanhar a cronologia da carreira de um pesquisador, especialmente um que escreveu suas lembranças já tão… sênior. Os projetos paralelos em que se envolveu, incluindo livros, projetos para a televisão, pesquisas acadêmicas; a sede de conhecimento ainda viva, aos 70 anos… Inspirador é a palavra.
Duby faleceu em 1996, aos 77 anos. Famoso em sua área, coordenando coleções incríveis (como a extensa “História da Vida Privada”), ministrou aulas até 1992. Sempre com ânimo e vigor, sempre acreditando em passar o conhecimento adiante, sempre falando que a pesquisa em História estava só no começo.
Se você tem dúvidas em como fazer pesquisa em História, em quando se aplicar a um tema, ou se é “normal” você ficar meio-maluco-obcecado por algum evento histórico, esse é seu livro. Na verdade, é um livro que indico para qualquer profissional na área acadêmica, de humanas, exatas, sociais.